em 6 de junho de 2011
O GAROTO DAS MEIAS VERMELHAS.
Ele era um garoto triste. Procurava estudar muito. Na hora
do recreio ficava afastado dos colegas, como se estivesse procurando
alguma coisa.
Todos os outros meninos zombavam dele, por causa das suas
meias vermelhas.
Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele só usava
meias vermelhas. Ele falou, com simplicidade: “no ano passado, quando
fiz aniversário, minha mãe me levou ao circo.
Colocou em mim essas meias vermelhas. Eu reclamei. Comecei
a chorar. Disse que todo mundo iria rir de mim, por causa das meias vermelhas.
Mas ela disse que tinha um motivo muito forte para me colocar as
meias vermelhas. Disse que se eu me perdesse, bastaria ela olhar para o chão e
quando visse um menino de meias vermelhas, saberia que o filho era dela.”
“Ora”, disseram os garotos. “mas você não está num circo. Por que não
tira essas meias vermelhas e as joga fora?”
O menino das meias vermelhas olhou para os próprios pés, talvez para
disfarçar o olhar lacrimoso e explicou: “é que a minha mãe abandonou a nossa
casa e foi embora. Por isso eu continuo usando essas meias vermelhas. Quando
ela passar por mim, em qualquer lugar em que eu esteja, ela vai me encontrar e
me levará com ela.”
Muitas almas existem, na terra, solitárias e tristes, chorando um amor
que se foi. Colocam meias vermelhas, na expectativa de que alguém as
identifiquem, em meio à multidão, e as leve para a intimidade do próprio coração.
São crianças, cujos pais as deixaram, um dia, em braços alheios, enquanto
eles mesmos se lançaram a procura de tesouros, nem sempre reais.
Lesadas em sua afetividade, vivem cada dia à espera do retorno dos
amores, ou de alguém que lhes chegue e as aconchegue.
Têm sede de carinho e fome de afeto. Trazem o olhar triste de quem se
encontra sozinho e anseia por ternura.

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